BIANCA BATTESINI, DO LADIN

A trajetória de Bianca na cozinha começou muito antes do Tiquim, em Perdizes, que completa dez anos em 2023, e de seu recém-inaugurado irmão mais novo, o Ladin. Formada em gastronomia, foi mãe aos 22 anos e precisava se firmar profissionalmente. Trabalhou em buffet, hotel, churrascaria, cozinha experimental, bistrô… fez de tudo.

 

“Eu já pensava em empreender, estava cansada de ter patrão, e queria me livrar de trabalhar à noite, aos fins de semana. Eu era muito jovem, queria poder ir a festas ou passar o fim de semana na praia". Ou seja, um bar era uma ideia oposta à que ela tinha na cabeça.

 

Mas o destino quis que as coisas fossem um pouco diferentes do que Bianca desejava. A chef, que mora em Perdizes há mais de 20 anos, um dia se reencontrou com Rodrigo, um amigo de adolescência, passeando por ali. Os avós dele tinham um imóvel com jeitão de mercearia local que, desde 1946, abrigou sete bares. Não por acaso, aquele espaço era um lugar muito familiar para Bianca.

 

“Desses sete donos, eu conheci três: Seu Antônio, Marcelo, Thiago. Foi nos bares deles que eu tomei minhas primeiras cervejas, tudo pendurado na conta do pai de uma amiga”, diverte-se. Pois naquele encontro fortuito, Rodrigo disse que via Bianca ali, ocupando o imóvel, como dona do bar. Cansada de pular de galho em galho, ou de cozinha em cozinha, resolveu arriscar, mesmo que a rotina de um bar não lhe parecesse das mais aprazíveis.

 

Bianca Battesini, do Ladin

 

 

“Eu não tinha dinheiro, só meu carro, que vendi para assumir aquele ponto. Abri o caixa do Tiquim esvaziando um cofrinho que eu tinha, cheio de moedas, e o primeiro aluguel eu paguei vendendo cachaça para os tiozinhos do bairro que frequentavam aquele lugar desde os anos 1940, 1950."

 

“O boteco tem muito a ver com a minha realidade”, explica. Depois de dez anos, mais uma vez, um imóvel praticamente lhe caiu no colo. “O Galo, ou Bigode, era um grande parceiro, e tinha uma loja de construção do lado do Tiquim, que funcionou ali durante 20 anos, e estava encerrando os negócios”, conta. Ela, que já tinha autorização para usar a calçada do Bigode depois das 18h, quando ele fechava a loja, já via o espaço como uma extensão natural do Tiquim, mas resistiu inicialmente.

 

Até que o proprietário do imóvel, outro amigo do bairro, lhe confidenciou que um empresário chileno queria abrir ali uma loja de empanadas e “roubar uns clientes do Tiquim”. “Por força maior, precisei abrir o Ladin. Quando vi, estava super envolvida com isso, sem projeto nenhum na cabeça”. Foi exatamente como na história do Tiquim.

 

“Não quis só quebrar uma parede e expandir o Tiquim, isso me soou muito fácil. A oportunidade me despertou um lado chef que estava adormecido. A oportunidade de fazer uma coisa nova, de criar algo diferente, acabou me animando", conta.

 

Ladin: O bar, que funciona o dia todo, tem vitrine de comidas quentes e frias, que vão mudando de acordo com o período, desde o café da manhã. À noite, o cardápio varia entre aperitivos clássicos de boteco, como minimilho com azeite e páprica ou pastéis e empadinhas mais arrumadinhos, como o de abóbora com gorgonzola e a de frango com pequi. Entre os drinks, prove CupuaJack (Jack Daniel’s, calda de cupuaçu, limão e manjericão).
 

Rua Cayowáa 1301A - Perdizes, São Paulo. Ter, das 8h às 23h30. Qua a sex, das 8h à 0h. Sáb, das 9h às 23h30. Dom, das 9h às 20h.