Railídia Carvalho, do Vila Sá Barbosa

Jornalista, cantora, guerreira da cultura popular, dona de bar e descendente de ribeirinhos do Pará, onde nasceu, Railídia Carvalho tem muitas histórias para contar. Seja por profissão ou pelo seu imenso repertório pessoal. Durante a semana, trabalha como jornalista. Aos sábados (e às vezes aos domingos), abre o Vila Sá Barbosa, boteco escondidinho na antiga vila de mesmo nome na região da Luz, longe da agitação do Centro de São Paulo.

 

Numa esquina com fachada centenária e mesinhas na calçada que em nada te remetem à maior metrópole da América Latina, Rai, como é conhecida, tornou-se sócia do bar de um amigo (um ex-namorado, na verdade), que ela não só frequentava, como se apresentava em rodas de samba. Tudo para manter viva uma parte da sua história e também da música de São Paulo, cidade que escolheu chamar de sua há 26 anos.

 

"Eu escolhi também fazer da cultura popular, da música brasileira, a minha vida", conta Railídia, que não tinha capital para se associar ao bar, de mais de 90 anos, fechado durante a pandemia. O que ela tinha, de sobra, era vontade de fazer acontecer. Além de assumir mil e uma funções atrás do balcão, a agitadora cultural cuida da curadoria dos músicos que ali se apresentam.

 

Railídia Carvalho, do Vila Sá Barbosa

 

Há dois anos, tornou-se fundamental para a existência do espaço, uma espécie de clube secreto passado de boca a boca (e agora neste guia), que abriga encontros de amigos que se percebem como uma família, mas que também recebe desconhecidos de braços abertos.

 

"Minha família é muito da música, da festa. Minha mãe, minhas tias sempre cantaram muito bem. A música, a roda de samba, especialmente, é onde eu me realizo como cidadã, como uma mulher que ama as artes, como uma mulher que faz ali o seu discurso, que dança", explica ela, que promove rodas de samba às tardes para poder receber famílias inteiras.

 

Como referência, cita orgulhosa Stefânia Gola, dona do Ó do Borogodó, também retratada no As Donas do Bar. "Aquele é um lugar de muita força, vital. É um lugar onde a arte pulsa muito forte, pegando todas as pessoas, o Ó do Borogodó emociona", finaliza.

 

Vila Sá Barbosa: Localizado numa vila centenária na Luz, o boteco, fechado na pandemia, foi aberto com a entrada de Railídia Carvalho na sociedade. A casa, que abriga rodas de samba aos sábados (único dia que costuma funcionar, com couvert artístico de R$ 20), serve petiscos como bolinhos de arroz e porção de carne louca. Para beber? Jack Citrus, à base de Jack Daniel’s e refrigerante citrus.

 

Rua Jorge Miranda, 691 - Luz, São Paulo. Sáb, das 15h às 22h.